Livro da Editora Fiel |
Por muitos anos, tenho procurado entender como a centralidade de
Deus em Si mesmo se relaciona com o seu amor por pecadores como eu. Muitas
pessoas não vêem a paixão de Deus por sua própria glória como um ato de amor.
Uma das razões para isto é o fato de que temos absorvido a definição do mundo a
respeito do amor. O mundo diz: você é amado quando é mimado
.
O maior problema desta definição de amor é que,
ao tentarmos aplicá-la ao amor de Deus por nós, ela distorce a realidade. O
amor de Deus por nós não
se revela principalmente em que Ele nos valoriza, e
sim em que Ele
nos dá a capacidade de nos regozijarmos em apreciá-Lo para sempre. Se centralizamos e
focalizamos o amor de Deus em nosso valor, estamos nos afastando do que é mais precioso,
ou seja, Ele mesmo. O amor labuta e sofre para nos cativar com aquilo que é
infinita e eternamente satisfatório: Deus mesmo. Por conseguinte, o amor de
Deus labuta e sofre para aniquilar nossa escravidão ao ídolo do “eu” e
focalizar nossas afeições no tesouro de Deus.
Podemos ver isto, de maneira surpreendente, na
história da enfermidade e morte de Lázaro, em João 11.1-6:
2 Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo, era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor e lhe enxugou os pés com os seus cabelos.
3 Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas.
4 Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado.
5 Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
6 Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava
Observe três coisas admiráveis:
1.
Jesus escolheu deixar Lázaro morrer. No versículo 6, lemos: “Quando, pois,
soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava”.
Não houve pressa. A intenção de Jesus não era impedir o sofrimento da família,
e sim ressuscitar Lázaro dentre os mortos. Isto seria verdade mesmo se Lázaro
já estivesse morto, quando o mensageiro chegou a Jesus. Ele deixou Lázaro
morrer ou permaneceu por mais tempo, para deixar evidente que não tinha pressa
de trazer alívio imediato ao sofrimento. Algo mais importante O impelia.
2.
Jesus era motivado pelo amor para com a glória de Deus, manifestada em seu
tremendo poder. No versículo 4, Ele disse: “Esta enfermidade não é para morte,
e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela
glorificado”.
3.
Entretanto, tanto a decisão de deixar Lázaro morrer como a motivação de
glorificar a Deus foram expressões de amor para com Maria, Marta e Lázaro. O
evangelista João nos mostra isto pela maneira como ele uniu os versículos 5 e
6: “Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. Quando, pois, soube que Lázaro
estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava”.
Oh!
Muitas pessoas — inclusive crentes — murmurariam por haver Jesus, insensivelmente,
deixado Lázaro morrer e permitir que Marta, Maria e Lázaro e outros passassem por
aquele sofrimento e infelicidade! E, se os nossos contemporâneos percebessem
que Jesus fez isso motivado pelo desejo de magnificar a glória de Deus, quantos
não considerariam a atitude de Jesus como insensível e severa? Isto revela
quanto a maioria das pessoas estima levar uma vida livre de sofrimentos muito
mais do que estima a glória de Deus. Para a maioria das pessoas, o amor é
aquilo que coloca o bem-estar humano como o centro de tudo. Por conseguinte, o
comportamento de Jesus é ilógico para taispessoas.
Não podemos ensinar a Jesus o que o amor significa. Não podemos instruí-Lo a
respeito de como Ele nos deve amar e colocar-nos no centro de tudo. Devemos
aprender dEle o que significa o amor e o que é o verdadeiro bem-estar.
O
amor é fazer tudo que for necessário para ajudar os outros a verem e
experimentarem a glória de Deus em Cristo, para todo o sempre. O amor mantém a
Deus no centro, porque a alma foi criada para Deus.
Nas
palavras de sua oração, Jesus confirma que estamos certos: “Pai, a minha
vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que
vejam
a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo”
(Jo 17.24). Podemos presumir que esta oração seja um ato de amor de Jesus. Mas,
o que Ele pediu? Pediu que, no fim, vejamos a sua glória.
O amor dEle por nós torna central. Jesus é o único Ser cuja
auto-exaltação é um ato sublime de amor. Isto é verdade porque a realidade mais
satisfatória que podemos conhecer é Jesus. Portanto, para nos dar esta
realidade, Ele tem de dar-nos a Si mesmo. O amor de Jesus O impeliu a orar e a
morrer por nós, não para que o nosso valor se tornasse central, e sim para que a
glória dEle se tornasse central e pudéssemos vê-la e desfrutá-la por toda a
eternidade. “Pai, a minha vontade é que... estejam também comigo... para que vejam
a minha glória”.
Isto
é o que significa para Jesus o amar-nos. O amor divino labuta e sofre para nos
cativar com aquilo que é infinita e eternamente satisfatório: Deus em Cristo. Oh! Que vejamos
a glória de Cristo — pela qual Ele deixou Lázaro morrer e pela
qual Ele foi à cruz
Ó
Deus, cativa-nos com este amor,
Abre-nos
os olhos do coração, para vermos
E
provarmos a glória de Cristo.
E,
quando cativados por
Sermos
amados desta maneira,
Faze-nos
amorosos como Jesus.
Labutemos
e soframos para levar muitos,
Quantos
pudermos, a este amor todo-satisfatório.
Em
nome de Jesus, oramos. Amém
Fonte: Disering God
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