Joel
Belz, o principal executivo da revista World,
escreveu: “Existe em nossos dias uma suposição perversa... predominante entre
os evangélicos, de que os sentimentos, as atitudes e os relacionamentos são
mais importantes do que a verdade. A unidade é uma prioridade mais elevada do
que a ortodoxia. A divisão, ainda que por amor à verdade, é a mais ofensiva das
heresias” (Semana de 12-19 de julho de 1997, p. 5).
Talvez a
palavra “perversa” necessite de qualificação. Não entendo as palavras de Belz
no sentido de que todos os que valorizam a unidade têm motivos perversos.
Também não o entendo como que dizendo que sempre é perverso ter falta de
entendimento involuntário que nos impede de perceber que, por trás de um
problema de relacionamento, há uma questão concernente à verdade. O que é
perverso é obscurecer intencionalmente uma afirmação da verdade, por desviar a
atenção a uma atitude, ou a um estilo, ou a um sentimento, ou a um motivo. Isto
é o que parece comum hoje.
Por
exemplo, talvez você diga: “A nudez, como uma forma de entretenimento, é
contrária à vontade de Deus concernente à modéstia, porque deixa de tratar o
corpo como um patrimônio sagrado que deve ser usado para a glória de Deus”.
Esta é uma afirmação da verdade. Exorta as pessoas a levarem em conta uma
realidade objetiva chamada “a vontade de Deus”. Pede às pessoas que considerem
esta afirmação e formem um julgamento sobre a sua verdade. Além disso, ela traz
consigo implicações a respeito do tipo de entretenimento que alguém aprovará ou
a respeito da maneira como gastará o seu tempo.
No que
concerne à verdade, alguém pode responder: “Concordo”. Ou: “Não concordo,
porque não creio que Deus existe; por isso, não acho que você possa falar com
legitimidade sobre a vontade dEle”. Ou: “Acho que Deus se deleita no corpo que
Ele criou e não desaprova a nudez como forma de entretenimento”. Todas estas
respostas se referem ao nível da afirmação da verdade. Razões podem ser
apresentadas de ambos os lados, e o diálogo pode continuar. Talvez aconteça
alguma persuasão ou mudança de pensamento.
Mas isso
não é o que acontece sempre. O que ocorre com mais freqüência é uma estratégia
verbal que desvia atenção da afirmação da verdade para uma atitude que anula astuciosamente
a verdade para ouvintes não dados à reflexão. Por exemplo, uma resposta pode
ser: “Lamento que você não possa lidar com sua própria sexualidade e tenha de
lançar sobre os outros os seus sentimentos de vergonha”. Ou: “Vida longa para o
pudor vitoriano!” Ou: “Considerando que existem oitenta mil refugiados no
Zaire, seria imaturidade de nossa parte nos preocuparmos com questões morais
relacionadas ao comprimento de saias”. Ou: “Moralistas conservadores, que citam
reiteradamente a Bíblia e usam seus textos como prova, não entendem a natureza
da arte e nunca farão qualquer contribuição significativa para a cultura”. Ou:
“Por trás da escrupulosa inquietação acerca do corpo humano, podemos encontrar
uma juventudereprimidaeumamãepuritana”. Ou:“É o cúmulo da arrogância alguém
vestir a sua própria moralidade com os absolutos divinos”.
Todas
estas respostas ignoram a verdade. São evasivas. Expressam o modo como as
pessoas astutas “vencem”, por criticarem os outros, usando rótulos. Isto é o
que Joel Belz chama de “perverso”.
Minha
súplica em favor da igreja é que ela coloque a verdade e o amor (a ortodoxia e
a unidade, os fatos e os sentimentos, a realidade e os relacionamentos) na
ordem bíblica. Por exemplo, Paulo disse em 1 Timóteo 1.5: “Ora, o intuito da
presente admoestação visa
ao amor que procede de
coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia”. Observe a ordem: a
instrução é o alicerce e leva ao amor, por meio da pureza e da fé. Ou
considere, mais uma vez, a ordem em 1 Pedro 1.22: “Tendo purificado a vossa
alma, pela vossa obediência à verdade,
tendo em vista o amor fraternal
não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente”. Novamente, a
verdade precede o amor e transforma a alma em benefício do amor. Até na
revelação espetacular de 1 João 4.8 — “Deus é amor” —, “Deus é” provê o fundamento para “Deus
é amor”.
Não seja
enganado por esta falsa dicotomia. A verdade e o amor não estão em desacordo. Pelo
contrário, por causa do amor, aprecie a verdade. Permita que este amor pela
verdade e a verdade pelo amor governem sua linguagem da maneira como governavam
a linguagem de Paulo. “Não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra
de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e
da parte do próprio Deus” (2 Coríntios 2.17).“ Não andando com astúcia, nem
adulterando apalavrade Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo
homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2 Coríntios 4.2).
Tenha em mente a verdade sobre a qual você está falando, “na presença de Deus”,
e sua linguagem será uma serva do amor.
Fonte: Desiring God.pt
Fonte: Desiring God.pt
Mais uma vez o Pastor Piper se supera em seu ardente amor pela Palavra de Deus e pelo próprio Deus. Ele não se utiliza da Palavra para benefício próprio nem a conduz para provar seu ponto de vista, mas permite que Deus organize seus pensamentos, e lhe dá as Palavras precisas para exortar e ensinar qual o Caminho da Verdade e do Amor para o povo que não lhe pertence, mas a Deus. Diferente do que vemos aos montes de pessoas mal intencionadas, buscando sempre o benefício próprio, sejam tanto de dentro como de fora da igreja, usando a Palavra de Deus de forma a provar seus pontos de vistas pessoais. Que Deus levante mais homens como o pastor Piper, para conduzir o Seu rebanho pelo Caminho da Verdade.
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